Portela exalta ancestralidade negra do Sul em enredo para 2026
13/06/2025
(Foto: Reprodução) Escola vai homenagear Príncipe Custódio e o Batuque gaúcho no desfile do Grupo Especial. Portela exalta ancestralidade negra do Sul em enredo para 2026
A Portela anunciou, nesta sexta-feira (13), o enredo com o qual vai abrir os desfiles do Grupo Especial no domingo de carnaval de 2026. A escola levará à Sapucaí uma homenagem à religiosidade, à cultura e à resistência negra no Rio Grande do Sul.
O tema é “O Mistério do Príncipe do Bará — A oração do negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”.
O samba-enredo vai contar a trajetória de Príncipe Custódio Joaquim de Almeida, figura histórica e espiritual originária do Benin, na África, que chegou ao Brasil no século 19 e se tornou um dos pilares da cultura afro-gaúcha.
Reverenciado como líder religioso, Custódio é apontado como o responsável pela estruturação do Batuque, principal religião de matriz africana do Sul do país. O enredo é assinado pelo carnavalesco André Rodrigues e pretende romper com a centralização das narrativas afro-brasileiras no eixo Rio-Bahia.
Segundo a Portela, a escolha do tema também visa valorizar a identidade negra do povo gaúcho, frequentemente invisibilizada na história oficial do estado. O desfile vai ressaltar elementos como a música, os rituais do Batuque, a cultura popular e a força ancestral deixada como herança por Custódio.
O samba enredo vai contar a trajetória de Príncipe Custódio Joaquim de Almeida
Reprodução/TV Globo
A narrativa será guiada pelo Negrinho do Pastoreio, personagem do imaginário popular sulista, que atenderá à oração feita por Bará e revelará as chaves da herança cultural e espiritual do príncipe africano.
Custódio Joaquim de Almeida viveu de 1828 a 1932 e foi uma figura de enorme importância para o fortalecimento da negritude no Sul do Brasil. Ele inspirou movimentos de resistência e consolidou uma religiosidade que permanece viva e potente, como mostrou o Censo 2022, que revelou o Rio Grande do Sul como o estado com maior proporção de praticantes de religiões afro-brasileiras.
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